Sábado, 16 de Junho de 2007

Ciúmes? Não, eu não sou ciumento(a)!

 

Quantas pessoas que vão começar a ler este isto não terão já protagonizado um diálogo do género do que a seguir reproduzo?

"- Quem é aquela que está ali a conversar com o Jorge?
- Sei lá! Nunca a vi mais gorda!
- Olha! Olha!!! Agora está a abraçá-lo... Será que ela não tem um "desconfiómetro"? Fogo... Tem idade para ser mãe dele!
- Ó Vanessa, deixa lá o rapaz!!! Achas que se ele te quisesse enganar, ia fazê-lo mesmo aqui, no meio do bairro? Acalma-te...
- Acalmo-me? Tu já viste? Está ali a derreter-se todo... É só sorrisos. Comigo ele não é assim! Eu vou lá!!!
- Não vais, não. Já viste a figura triste que vais fazer?
- Não interessa! Eu vou lá marcar território!!!
(Chega lá, beija o namorado e, com o ar mais desprezível que consegue colocar, pergunta)
- Então Jorge? Não me vais apresentar a tua... "amiga"?
- S-sim... Vanessa, esta é a minha tia Lurdes, irmã da minha mãe. Chegou hoje do Porto..."

Grande manca!!! Mas afinal, quem é que nunca sentiu ciúmes pelo menos uma vez na vida? Toda a gente sabe que o ciúme é o tempero do amor, não é? Bem, talvez se for "utilizado" com conta, peso e medida o tempero possa resultar... eventualmente. Mas quando se começa a desconfiar de tudo o que o(a) namorado(a) diz e faz... Aí a coisa já muda de figura!

Numa situação ideal, as coisas seriam completamente diferentes... Quando se gosta de alguém, deseja-se que o parceiro , ou seja, o bem do outro, pelo outro e para o outro. Por isso, não deixa de ser curioso que esse sentimento tão egocêntrico que é o ciúme encontre as suas origens exactamente na palavra "zelo", algo que, em princípio, se basearia no altruísmo...
O que é que uma coisa tem a ver com a outra? É que em latim, zelo escreve-se "zelumen". Parecido, não é?

Talvez seja por causa da má interpretação que possivelmente se faz da ligação destas duas palavras (zelo e ciúme), que a maioria das pessoas acredita que o ciúme é uma espécie de prova de amor. Será? Não... É um sentimento tão egoísta que não merece ser confundido com provas de amor.

Nota bem que o ciúme não é mais do que o medo de alguém de perder o(a) outro(a) ou a exclusividade sobre ele(a). Não passa de um pavor terrível de se ser excluído de uma relação, por isso...

Afinal, o ciúme funciona como um aviso, um alerta que indica que alguma coisa está a falhar. Se tudo estivesse bem, não haveria lugar para problemas deste tipo, não é?
É por isso mesmo que o ciúme é, sem sombra de dúvida, um dos sentimentos que mais atrapalham uma relação. Imagina um casal em que ele não pode olhar para rapariga nenhuma, pois ela (a namorada) fica logo amuada a pensar que ele a quer trair. Ou então uma rapariga que vai deixando de falar com os seus amigos rapazes, só porque o namorado não gosta e não acredita em relacionamentos de amizade entre homens e mulheres....
Sem confiança, dificilmente se constrói uma relação feliz e duradoura!

Mas, como se dizia no início, o ciúme até pode ser o condimento necessário para ir mantendo a chama da paixão acesa. Mas atenção: tudo quanto é demais faz mal, sobretudo porque há diferentes níveis de ciúmes. O mais comum é alguém sentir-se enciumado em situações pontuais nos quais se sinta excluído ou ameaçado de perder a exclusividade (e a atenção) sobre o(a) parceiro(a).

Isso até é relativamente normal... Muitos sentir-se-ão inseguros(as) ver o(a) namorado(a) numa conversa animada com alguém que parece um(a) modelo de passerelle. E, mesmo possuindo uma auto-estima elevada, é difícil não se sentir, pelo menos, uma pontinha de indignação, raiva, desepero, enfim... Ciúmes!
Mas quando se passa o tempo todo em alerta, tenso(a), aflito(a), preocupado(a) com o que a(o) parceira(o) possa estar a fazer... É porque se é um ciumento nato!

Este tipo de pessoas acha-se no direito de saber TUDO o que acontece na vida do(a) namorado(a). E, para isso, não se inibem de vasculhar bolsos e carteiras, ouvir telefonemas na extensão do telefone, ou até (nos casos mais evidentes de "ciumite aguda") de mandar seguir os seus respectivos pares em busca de provas conclusivas.

Quanto a saber qual dos dois sexos é mais ciumento... Bom, isso ainda está para se descobrir. Se bem que um estudo, feito nos Estados Unidos (claro...), indique que neste assunto não há diferenças substanciais. Todos somos ciumentos, embora nos comportemos de maneiras diferentes, ou seja, enquanto que as mulheres têm mais tendência para sofrer caladas ou fingir indiferença, os homens (re)agem (terminando o relacionamento) assim que julgam haver traição.

Mas afinal, se não é exclusivo de nenhum dos sexos, de onde é que surge o ciúme?
Há quem argumente que o ciúme que se sente numa relação amorosa não é mais do que uma espécie de prolongamento do sentimento que se experimenta em relação à mãe, quando ainda somos crianças. Sabe-se que a ligação de uma criança pequena à mãe é muito forte e é por isso que, muitas vezes, vemos os pequenitos em cenas de birrice com a progenitora. É o medo de perder esse amor que faz com que a criança se torne tão possessiva.

Ao longo do crescimento, essa dependência emocional é totalmente desfeita. Assim, quando se entra numa relação, cria-se um novo (ou transformado) tipo de dependência amorosa. Deve ser por isso que temos atitudes tão infantis...
No fundo, o ciúme resume-se sempre ao tal medo de perder a pessoa amada. Mas, embora tenha como finalidade defender as pessoas dessa perda, acaba por precipitar o que se tenta evitar a tanto custo.

Como é que se sabe se o ciúme que se sente (ou de que se é alvo) é excessivo ou não?
Quando uma pessoa se anula para viver apenas em função de outra (não sair de casa a não ser com o(a) namorado(a), cortar relações com os amigos...), quando há menos momentos de prazer na relação, quando se começa a ter de mentir para evitar as brigas, é porque o ciúme já atingiu o patamar do excesso, já se tornou doentio.

Nestes casos, o(a) ciumento(a) pode chegar a sentir-se frequentemente ansioso(a), inseguro(a), deprimido(a) e até ficar com raiva da pessoa amada. E, numa tentativa de confirmar as suas suspeitas, aparece em casa ou no trabalho do(a) outro sem avisar...
É um verdadeiro vulcão emocional, pronto a entrar em erupção a qualquer momento. E, nestes casos, o ciúme é tão doentio que a Medicina já se encarregou de o estudar. É, pois, uma patologia, uma doença.

O grande passo para curar, ou pelo menos para amenizar, o ciúme, é, sem dúvida, o auto-conhecimento. Há que identificar onde e como se está a prejudicar as pessoas que se amam. Se, depois de perceber isto, se conseguir confiar nos outros (e em si), tira-se um grande peso de cima dos ombros. Até porque o ciúme não passa da manifestação de uma grande insegurança...

publicado por dreia92 às 15:17
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